A Proclamação da Independência foi cuidadosamente preparada por uma elite política de formação liberal-conservadora, cujo representante mais ilustre era José Bonifácio de Andrada e Silva. Ao colocar nas mãos de dom Pedro a condução desse processo, seu principal objetivo era evitar que a proposta republicana conquistasse o apoio popular e promovesse agitações de rua de consequência imprevisíveis.
Dom Pedro no trono significava emancipação do domínio português, mas era também a garantia de que os interesses dos grandes proprietários rurais, senhores de escravos e comerciantes ricos seriam preservados. Na verdade, para a grande maioria da população, a independência não trouxe nenhum ganho real. Governada por um imperador que era também herdeiro do trono português, a nova Nação nascia sob o signo de fórmulas conservadoras.
Enquanto as colônias espanholas da América, ao se tornarem independentes, transformaram-se em Repúblicas, no Brasil foi mantida a monarquia como forma de governo. Além disso, a escravidão, maior símbolo da tirania e do preconceito, foi mantida, sendo considerada inquestionável pelo imperador e pelas camadas dominantes da sociedade.
Para alguns historiadores, o caráter conservador e elitista da recém nascida nação brasileira é simbolizada pelo beija-mão, cerimônia de caráter medieval que chegou com a Corte portuguesa e foi mantida pelo imperador. Por esse costume, pessoas da alta sociedade faziam fila para beijar a mão de dom Pedro em sinal de respeito e obediência.
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