julho 11, 2013

As mulheres vão à luta: Maria Quitéria e a Independência do Brasil


De acordo com a Constituição de 1988, as mulheres não são obrigadas a prestar o serviço militar. Porém, o acesso delas às forças armadas não é proibido. Desde 1981 a Marinha admite em seus quadros a presença feminina. Na Aeronáutica, esse acesso está permitido desde 1982. No Exército, desde 1989.


A primeira vez que uma mulher lutou no exército brasileiro, contudo, foi em 1822. Na ocasião, diversos regimentos foram organizados para combater as tropas lusas contrárias à independência. No regimento de Cachoeira/BA, alistou-se o "soldado Medeiros", codinome de Maria Quitéria, mulher de 30 anos que fugira de casa vestindo a farda de um cunhado para lutar ao lado dos que se batiam pela emancipação.

Quando sua verdadeira identidade foi descoberta, Maria Quitéria incorporou um saiote por cima da farda. Por seus atos de bravura, foi promo vida a cadete. Após a independência, chegou a ser recebida por Dom Pedro I, que a agraciou com uma insígnia imperial e lhe garantiu um soldo vitalício. Maria Quitéria morreu em Salvador em 1853, aos 61 anos, pobre e cega. Em 1996, um decreto presidencial a tornou um dos patronos do Exército brasileiro.

(Extraído de AZEVEDO, Gislaine & SERIACOPI Reinaldo. História - série Brasil Ed. Ática, São Paulo, 1º ed., 2005.)

Parlamentarismo às avessas no Brasil

Alguns historiadores afirmam que durante o segundo reinado o sistema político brasileiro era parlamentarista. Nem todos, porém, aceitam caracterização, em razão das singularidades do modelo brasileiro.

No modelo clássico de parlamentarismo, é o partido com maior número de representatntes no Parlamento que indica o primeiro-ministro. Este último forma, então, o ministério que vai governar o país. O rei (no caso das monarquias) ou o presidente (no caso das repúblicas parlamentares) são apenas chefes de Estado, não tem função administrativa.

O sistema político no Brasil durante o Segundo Reinado era bem diverso. Em 1847, dom Pedro II (retrato acima) criou o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, figura semelhante à de primeiro-ministro. No entanto, em vez de ser indicado pelo partido majoritário da Câmara, era o próprio imperador que escolhia o Presidente de Conselho. Ele ficava encarregado de sugerir os nomes que fariam parte do novo ministério. Caso dom Pedro II não concordasse com as sugestões, o presidente era obrigado a propor substitutos.

Quando surgia uma crise entre o ministério e a câmara, cabia ao imperador decidir pela manutenção de um dos dois. Se optasse pelo ministério, ele poderia dissolver a câmara e convocar novas eleições. Se optasse pela câmara, o gabinete seria demitido e formado um novo ministério.
Em razão dessa singularidade, muitos autores falam de parlamentarismo às avessas no caso brasileiro. Afinal, o poder permanecia o tempo todo nas mãos do imperador e não da câmara, como no sistema parlamentarista.

(Extraído de AZEVEDO, Gislaine & SERIACOPI Reinaldo. História - série Brasil Ed. Ática, São Paulo, 1º ed., 2005.)


Educação e cultura a serviço da elite

Em 1827 o governo de dom Pedro I promulgou a primeira e única lei sobre instrução priméria do período imperial. A partir de então, algumas escolas de nível primário foram criadas no Brasil. Ao mesmo tempo, o recrutamento e a contratação de professores passaram a ser objeto de controle do Governo Central.

A partir de 1835, surgiram os primeiros estabelecimentos para a formação de professpres, as chamadas escolas normais. Também na décade de 1830, foram criados os primeiros colégios laicos de nível secundário. O mais importante desses estabelecimentos seria o Colégio Pedro II, inaugurado em 1837 na cidade do Rio de Janeiro e até hoje em funcionamento. Tanto ele quanto as faculdades de Direito de Olinda e de São Paulo - instituídas por dom Pedro I em 1828 - eram destinados basicamente aos filhos da elite.

Ao adotar essas iniciativas na área da educação, o governo imperial tinha por objetivo ampliar o "grau de civilidade" do Brasil segundo o modelo importado da Europa. Essa política cultural envolvia também a criação de institições destinadas a pensar o país e a contribuir para a melhoria das condições de vida nas principais cidades brasileiras. Uma dessas instituições era a Acedemia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro. Criada em 1830, a partir de 1835 ela tornou-se fonte de informações para assuntos relacionados à saúde e um dos primeiros espaços destinados a elaborar pesquisas visando a higienização do espaço urbano.

Outro importante órgão foi o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), criado em 1838, similar ao de Paris. Em sua sede, no Rio de Janeiro, reunia-se a nata da elite intelectual brasileira - historiadores, escritores, poetas, políticos... - para recolher documentos a respeito do Brasil e escrever sobre o passado da jovem nação. Embora o objetivo principal da instituição fosse valorizar o regime monárquico e o imperador, o trabalho do instituto se traduziu também em resultados práticos. Entre outras coisas, foram identificados vários sambaquis existentes no litoral brasileiro e resgatados ou copiados documentos referentes à nossa história que se encontravam nas província e no exterior.

(Luciano Mendes de Faria Filho. Instrução elementar no século XIX. In: Eliane Teixeira Lopes (org.). 500 anos de educação no Brasil. 2ª ed. BH: Autêntica, 2000.)

Independência (tipicamente) brasileira

A Proclamação da Independência foi cuidadosamente preparada por uma elite política de formação liberal-conservadora, cujo representante mais ilustre era José Bonifácio de Andrada e Silva. Ao colocar nas mãos de dom Pedro a condução desse processo, seu principal objetivo era evitar que a proposta republicana conquistasse o apoio popular e promovesse agitações de rua de consequência imprevisíveis.

Dom Pedro no trono significava emancipação do domínio português, mas era também a garantia de que os interesses dos grandes proprietários rurais, senhores de escravos e comerciantes ricos seriam preservados. Na verdade, para a grande maioria da população, a independência não trouxe nenhum ganho real. Governada por um imperador que era também herdeiro do trono português, a nova Nação nascia sob o signo de fórmulas conservadoras.

Enquanto as colônias espanholas da América, ao se tornarem independentes, transformaram-se em Repúblicas, no Brasil foi mantida a monarquia como forma de governo. Além disso, a escravidão, maior símbolo da tirania e do preconceito, foi mantida, sendo considerada inquestionável pelo imperador e pelas camadas dominantes da sociedade.

Para alguns historiadores, o caráter conservador e elitista da recém nascida nação brasileira é simbolizada pelo beija-mão, cerimônia de caráter medieval que chegou com a Corte portuguesa e foi mantida pelo imperador. Por esse costume, pessoas da alta sociedade faziam fila para beijar a mão de dom Pedro em sinal de respeito e obediência.

O estilo e a arte barroca na Europa e no Brasil

O Barroco foi um período estilístico e filosófico da História da sociedade ocidental, ocorrido durante os séculos XVI e XVII (Europa) e XVII e XVIII (América), inspirado no fervor religioso e na passionalidade. Embora tenha o Barroco assumido diversas características ao longo de sua história, seu surgimento está intimamente ligado à Contra Reforma. A arte barroca procura comover intensamente o espectador. Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cênico, num teatro sacrum onde são encenados os dramas.

Contrariamente à arte do Renascimeto, que pregava o predomínio da razão sobre os sentimentos, no Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas. Além da temática religiosa, os temas mitológicos e a pintura que exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Nacional Absolutista que se consolidava) também eram freqüentes.

De certa maneira, assistimos a uma retomada do espírito religioso e místico da Idade Média, numa espécie de ressurgimento da visão teocêntrica do mundo. E não é por acaso que a arte barroca nasce em Roma, a capital do catolicismo.

A escola literária barroca, é marcada pela presença constante da dualidade. Antropocentrismo versus teocentrismo, céu versus inferno, entre outras constantes. Contudo não há como colocar o Barroco simplesmente como uma retomada do fervor cristão. A sua grande diferença do período medieval é que agora o homem, depois do Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem seu valor - com exemplos em estudos de anatomia e avanços científicos o homem deixa de colocar tudo nas mãos de Deus.

O Barroco caracteriza-se, portanto, num período de dualidades; num eterno jogo de poderes entre divino e humano, no qual não há mais certezas. A dúvida é que rege a arte deste período. E nas emoções o artista vê uma ponte entre os dois mundos, assim, tenta desvenda-las em suas representações.

O BARROCO NO BRASIL
Incentivado pela descoberta do ouro, estende-se por todo o país o gosto pelo barroco. Enquanto a Europa começava a desenvolver o Neoclassicismo, no século XVIII a arte colonial mineira não absorvia as mudanças e mantinha um barroco tardio e, por sua defasagem com o resto do mundo, tinha suas características singulares.

Minas Gerais, sendo um estado do Interior do Brasil, sofria as dificuldades de importação de materiais e técnicas construtivas. Estas características deram ao barroco mineiro um caráter peculiar e possibilitaram a criação de uma arte diferenciada, regionalista. As características culturais e urbanas do povo mineiro, organizado em vilas, crendo em diversos santos, possibilitaram uma forma de expressão única, mesclada, muito mais do que somente pelo gosto artistico, com o estilo de vida, tornando estreito o relacionamento da arte com a fé e com a população, por meio da vivência e da visualização destes aspectos.

Muitos artistas trabalharam com as condições materiais da região, adaptando a arte ao modo de vida. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde simbolizam claramente esta arte adaptada ao ambiente de um país tropical, ligando sua arte aos recursos e valores regionais. Ao trabalhar na Igreja de São Francisco de Assis, Aleijadinho substitui o mármore europeu pela pedra-sabão, Ataíde se baseia no "azulejo português" para criar suas pinturas. Absorvendo estes aspectos, o barroco desenvolvido em Minas Gerais ganha expressão particular no contexto brasileiro, firmando-se como um barroco peculiar, chamado de Barroco Mineiro. Um exemplo clássico, que pode ser usado no estudo do Barroco Mineiro, são as igrejas mineiras construidas neste período que vai de 1710 a 1760.

(Texto adaptado de www.wikipedia.org, verbetes "Barroco" e Barroco no Brasil")

Mito e realidade bandeirante.

Nome de ruas, avenidas, praças, estradas, emissoras de rádio e TV, palácios, monumentos, aviões: em São Paulo as referências aos Bandeirantes podem ser encontradas em vários lugares. Para muitos historiadores, essa exaltação dos sertanistas paulistas teria começado no século XIX, época em que São Paulo começava a se destacar no cenário nacional e sua elite desejava difundir o mito de uma pretensa superioridade sobre o país.

Segundo a historiadora Raquel Glezer, "diferentemente de Salvador e do Rio de Janeiro - sedes da colônia - e das cidades mineiras - esplendor da mineração - os intelectuais paulistas não tinham comprovante material do passado colonial glorioso". Dessa forma, com a construção do mito da sociedade bandeirante procurou-se transformar pessoas simples e rudes, quase sempre mestiços que andavam descalços pelos sertões à cata de índios e riquezas, em personagens heróicos, brancos, bem vestidos e dotados de uma força e de um heroísmo quase sobre-humanos.

Para algumas vertentes historiográficas, não se trata de considerar os bandeirantes heróis ou bandidos, mas sim de vê-los como fruto de uma época, ou seja, como pessoas que faziam parte de determinada cultura e viveram de acordo com os padrões da sociedade de seu tempo.

(AZEVEDO, Gislaine & SERIACOPI Reinaldo. História - série Brasil Ed. Ática, São Paulo, 1º ed., 2005.)

História de Curitiba/PR


AS ORIGENS DE CURITIBA

Em meados do século XVII, existia no primeiro planalto, uma série de núcleos de garimpeiros instalados provisoriamente com o intuito de explorar a região. Esta população vasculhava os cascalhos dos riachos à procura de pepitas de ouro, tão cobiçadas. Ao mesmo tempo, neste sertão bravio que era o primeiro planalto, também habitavam os índios tingui, pertencentes à grande nação tupi-guarani. 

Os garimpeiros, vindos principalmente da região litorânea de Iguape, Paranaguá e Santos, foram organizados e mantidos em ordem pelo administrador das minas de ouro Eleodoro Ébano Pereira, que era a única autoridade do governo geral do Rio de Janeiro na região sul. Segundo o historiador Ruy Chistovam Wachowicz, Eleodoro era coordenador da mineração na região, mas nunca foi um povoador; por isto é duvidoso atribuir-lhe o título de fundador de Curitiba. (1988, p. 61). 


Inicialmente, os garimpeiros instalaram-se nas margens do riacho do atuba, formando a vilinha do atuba, porém, devido à alta umidade do local, os moradores resolveram mudar a sede da respectiva vila. Segundo uma antiga lenda, todas as manhãs, na capela local, a imagem de Nossa Senhora da Luz, que ali se venerava, estava com o olhar voltado para o lado onde queria que se erigisse sua igreja definitiva. A lenda continua narrando que, para ter sempre uma boa amizade com os indígenas, os povoadores convidaram o cacique de uma tribo tingui, que habitava a região, para indicar-lhes o local mais apropriado. Este cacique aceitou o convite e, depois de procurar demoradamente um bom lugar, fincou uma vara no chão dizendo: “Coré-etuba”, isto é, “muito pinhão”, “aqui”. Desta expressão, surgira o nome da futura capital dos paranaenses, Curitiba. 

A atual Praça Tiradentes foi o centro do qual irradiou-se a nova povoação. 

Robson Bertasso,
Administração da página "História do Paraná". 
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DUARTE, Otávio; GUINSKI. Imagens da evolução de Curitiba. Curitiba, PR: Ed. do Autor, 2002. 288 p.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. 6ª ed – Curitiba: Editora Gráfica Vicentina Ltda, 1988. 276 p. 

NA IMAGEM: Fundação de Curitiba segundo a lenda, na concepção do pintor Theodoro De Bona. Quadro existente no salão nobre do Colégio Estadual do Paraná.


Homicídios consentidos contra a mulher no Brasil Colonial


"A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, um código legal que se aplicava a Portugal e seus territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério. Também podia matá-la por meramente suspeitar de traição — bastava um boato. Previa-se um único caso de punição. Sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua mulher uma “pessoa de maior qualidade”, o assassino poderia ser condenado a três anos de desterro na África.

No Brasil República, as leis continuaram reproduzindo a ideia de que o homem era superior à mulher. O Código Civil de 1916 dava às mulheres casadas o status de “incapazes”. Elas só podiam assinar contratos ou trabalhar fora de casa se tivessem a autorização expressa do marido."

Artigo completo sobre os desmandos do patriarcado brasileiro AQUI 

Fonte: Carla Sobrino | Equipe História e Historiografia.


Independência dos E.U.A (1776)

04 de Julho de 1776: Independência das 13 Colônias e a fundação dos Estados Unidos da América.

Artigo completo AQUI 



Dez estudiosos explicam "a voz das ruas" em seus Estados

Um sopro inicial para compreendermos as históricas e diferentes demandas sociais, específicas a cada estado, de um "país continental".

Veja os dilemas sociais e ideológicos da realidade brasileira AQUI 


As manifestações sociais e o aparato repressivo do Estado.

E quando o terrorista é o próprio Estado?
Quem enquadra?

Veja aqui, os variados pontos de vista sobre o terrorismo estatal.

Lado A: http://conv.ly/10t 
Lado B: http://conv.ly/10u



Pautas e temas para o futuro.

Leia o artigo "Desmilitarização da Polícia, a pauta urgente" AQUI


O papel da imprensa nas manifestações sociais brasileiras

"Porque não crer em nada é crer em algo".

Veja o vídeo sobre "Direita" e "Esquerda" AQUI


Ironias Históricas: a celebração do golpe militar na imprensa


"A História se repete: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. 

Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. 
E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxilio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar- se nessa linguagem emprestada".

(Karl Marx - O 18 Brumário de Luís Bonaparte)

Veja o editorial do jornal "O Globo", celebrando o Golpe Militar de 1964, AQUI


Filme: "A Onda" (2008)

O filme alemão "A Onda" mostra como um experimento escolar constituiu numa verdadeira ditadura fascista e discute o quão longe(?) o regime de Hitler realmente está dos nossos dias.

Filme completo (dublado! - o legendado foi tirado do ar)